"Skate Por Toda a Vida"


Ontem, ouvindo as músicas que curto, relembrei meu passado em meio a letras e melodias pesadas, lentas, ridículas e estrondosas. O interessante é como as coisas ao redor tedem a passar tão lentamente quando olhamos pra dentro de nós mesmos.

Mas o que me deixou mais pensativo foi o que eu considero o "começo de minha inteligência". O que me influênciou. O que me deu uma luz as coisas.

Pensei logo na primeira coisa que me apresentaram. No que me fez buscar as coisas.

Adorava passar o dia na casa dos meus primos quando mais novo. Por volta dos 10, 11 anos, comecei a me interessar por uma batida pesada, uma melodia rápida e eufórica com letras críticas que nem eu mesmo entendia. O Rock nacional ainda estava presente em boa parte dos jovens naquela época. Era denso, forte, enérgico. Queria sentir isso. 

Era lógico que eu, nessa idade, fosse atraído pela “liberdade” que os adolescentes aparentavam ter, e a maioria deles ouviam essas músicas. Eu não tinha som estéreo, aparelho de DVD, internet, nem mesmo CDs com tais músicas e muito menos dinheiro pra compra-los.
Comecei então a minha fase clichê vendo aqueles programas de clipes, onde havia colocações dos clipes mais votados pelos fãs. Descobri as tais bandas do rock nacional. Me achava o cara por saber só três músicas daquela banda que nem mesmo sabia o nome.

Uma tarde, uma das vezes em que fui passar o dia na casa dos meus primos, estava comentando as músicas que achava serem “muito fodas” com meu primo Dênis. Achava que ele sabia o nome de todas as bandas pelo jeito que ele falava nos instrumentos que eles tinham e como tacavam.

Cantei uma música que eu havia gostado, uma das que eu vi na TV, e ele me deu um CD da banda. O nome era “Charlie Brown Jr.”.

Foi dessa banda que comecei a gostar de rock, da música em si, os instrumentos musicais, enfim, foi desta banda que aprendi a ter bom gosto. Foi pelas letras dessas músicas que comecei a ver sentido na maioria das coisas que me rodeava.


Acho que cada detalhe, minúsculo que seja, é importante para compor uma personalidade seja de quem for. Quando se despreza coisas simples, o ser humano tende a ser deprimido e nem percebe. E essa influência não foi nada simples. 

Se for pra colocar Deus nisto, digo que ele trabalha de forma misteriosa, pois descobri a honra de ser homem, vagabundo ou “certinho”, dedicado ou “jogado”, gentil ou louco, temente a Deus, pelas palavras tortas daquelas músicas. Se não fosse tal coisa, não seria o que sou hoje. Não acreditaria no que acredito hoje. Eu não teria o que tenho hoje. Talvez eu não tivesse essa paixão pela arte ou o respeito pelos mais experientes que eu. Eu não teria fé.

Não sou dessas coisas, mas tenho o prazer de retratar essa admiração. O cara não morreu, só ficará eterno. Grande influência no rock da década de 90. 

Alexandre Magno Abrão, o eterno “Chorão”, grande compositor, cineasta, empresário e cantor, “deixou de ser poeta pra virar lenda”.
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