Perigoso Cortejo


Cortejo o teu resguardo, 
Que segue preso em pleno fardo,
Do privar-se em todo caso,
Do pecado provocado, 
Por desejo inabalável, 
De prazer imaginado, 
Em noites sem ninguém.

Alma fragilizada, desprovida, enganada. 

Não tenho receio, 
Já deixo entendido o anseio 
De ter-te cravada em minha carne, 
No lapso do pecado provocado, 
Arrepiado, mordiscado, 
Sem respeito, rendido, 
Entregue, despido, sem medo 
Ou respeito à imposição carnal antes impostas a nós.


Sexo sem pai, sem princípio, sem por que. 
Ali já não há morte.
 Ali já não há mundo. 
Há apenas o instante. 
Há apenas o pecado. 
Há apenas o resto de almas humanas,
Resta o bruto, o bárbaro, o violento. 
O desejo infindável de nós dois.


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Um momento de Êxtase


Ando percebendo muito a beleza do mundo. Os instantes mais lindos, detalhistas e raros da terra. Ter tal tesouro em minha realidade é uma honra. Consequência de simplesmente parar e olhar pra algo que, para os outros, é algo banal. Já estão até reclamando que estou muito “aéreo” ultimamente.

Ontem, enquanto enxugava as mãos em minha toalha de banho que deixara nos fundos de casa, ouvi o bater dos ventos nas folhas das arvores. Algo deixou aquele ambiente com uma extrema paz. Parecia estar nos braços de quem mais amamos com aquela sensação de câmera lenta. Preferia passar os restos dos dias ali. Porém, o destino tende a não lhe dar o luxo de ter tudo o que queres e nem deixar o que é tão bom por muito tempo conosco, afinal, precisamos da saudade, do sentimento de falta, pra quando acontecer de novo, termos a mesma sensação de algo único.

A natureza tá aí, mostrando seus delírios naturais, suas cores dançantes e seus desenhos lineares feitos por Deus. Admito, estou apaixonado.

Lógico, há seus perigos. Mas o que seria de mim se não mudasse o mundo um pouquinho? Afinal, as pessoas que trabalham para deixar este mundo pior não descansam um minuto, por que eu descansaria?


Sou um delirante que ama o delírio que tem.

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O Poder do Acostumar-se


            A força de vontade é reforçada cada vez que conquisto algo. Sensação boa essa de realização, não há outra igual. Ultrapassa os fantasmas que me atormentavam e ainda me deixa solto, livre, a qualquer momento. A ingnorância, vista da forma que hoje penso, ainda continua sendo uma dádiva, mas a sabedoria te dá mais opções. É como se o mundo estivesse na palma da mão. Isso tem um gosto bom. O modo como tudo se torna fácil apartir do momento que você assume o controle já é um sucesso. Basta fazer aquilo, que ocasiona naquilo e  o que aquilo ocasionou lhe fornece o que queres. O segredo é se adequar ao ambiente, acostumar-se com a situação, fazer parte do que é considerado natural naquele determinado meio.

            Pessoas se desesperam quando encontram um meio social que não são acostumados. Imagine uma garota, de 15 anos, chegando em seu primeiro cursinho pré-vestibular. Ela não conhece ninguém naquele lugar. Pra ela todos estão a olhando, procurando defeitos em cada palmo do corpo dela. O primeiro professor que se apresenta diz que fará testes de sua disciplina semanalmente com 50 questões cada e ela só tem 2 horas antes de dormir pra estudar, sabendo que não é acostumada com este pique, já que na escola onde ela sempre estudou, os professores eram acostumdos a passar trabalhos valendo a metade da prova, provas em trio, festas por qualquer motivo e aulas suspensas em feriados que nem mesmo ela sabia o que se comemorava.

            O segredo é acostumar-se. E pronto.

            É só saber o que estás buscando, fechar os olhos, respirar fundo, abri os olhos novamentos e foca-los no que queres. Mas, primeiramente, saiba o que queres.
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Homem


Ele percebeu anos mortos neste meio tempo,
Que corre ligeiro sem pena do mundo.
Sem pena dele, ser imundo.

Amanhece a decepção corriqueira.
Entardece mente fraca, lerda e triste.
Anoitece então a vida,
Consequência da loucura fria, súbita, vívida.

Da mente virgem rompida por lágrimas de ódio,
O sentimento vigia o peito amargo,
Que recusa afeto perante o medo.

Rosto este, com semblante já marcado,
Olha em foco um ponto vazio.
Pensamento vago. Sem sentido.

Homem condenado.
Homem triste.
Homem morto.
Homem.

Porém, um rastro,
Já quase apagado.
Porém, a luz,
Sem o peso. Sem cruz.
Porém, o choro, agudo e imaturo.
Porém, sem saber, tomava-o. Tinha-o.

Havia ali o indefeso.

Era ela, sua trilha.
Era ela, Sua vida.
Era ela, sua prole.

Era ela, sua filha.
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"Skate Por Toda a Vida"


Ontem, ouvindo as músicas que curto, relembrei meu passado em meio a letras e melodias pesadas, lentas, ridículas e estrondosas. O interessante é como as coisas ao redor tedem a passar tão lentamente quando olhamos pra dentro de nós mesmos.

Mas o que me deixou mais pensativo foi o que eu considero o "começo de minha inteligência". O que me influênciou. O que me deu uma luz as coisas.

Pensei logo na primeira coisa que me apresentaram. No que me fez buscar as coisas.

Adorava passar o dia na casa dos meus primos quando mais novo. Por volta dos 10, 11 anos, comecei a me interessar por uma batida pesada, uma melodia rápida e eufórica com letras críticas que nem eu mesmo entendia. O Rock nacional ainda estava presente em boa parte dos jovens naquela época. Era denso, forte, enérgico. Queria sentir isso. 

Era lógico que eu, nessa idade, fosse atraído pela “liberdade” que os adolescentes aparentavam ter, e a maioria deles ouviam essas músicas. Eu não tinha som estéreo, aparelho de DVD, internet, nem mesmo CDs com tais músicas e muito menos dinheiro pra compra-los.
Comecei então a minha fase clichê vendo aqueles programas de clipes, onde havia colocações dos clipes mais votados pelos fãs. Descobri as tais bandas do rock nacional. Me achava o cara por saber só três músicas daquela banda que nem mesmo sabia o nome.

Uma tarde, uma das vezes em que fui passar o dia na casa dos meus primos, estava comentando as músicas que achava serem “muito fodas” com meu primo Dênis. Achava que ele sabia o nome de todas as bandas pelo jeito que ele falava nos instrumentos que eles tinham e como tacavam.

Cantei uma música que eu havia gostado, uma das que eu vi na TV, e ele me deu um CD da banda. O nome era “Charlie Brown Jr.”.

Foi dessa banda que comecei a gostar de rock, da música em si, os instrumentos musicais, enfim, foi desta banda que aprendi a ter bom gosto. Foi pelas letras dessas músicas que comecei a ver sentido na maioria das coisas que me rodeava.


Acho que cada detalhe, minúsculo que seja, é importante para compor uma personalidade seja de quem for. Quando se despreza coisas simples, o ser humano tende a ser deprimido e nem percebe. E essa influência não foi nada simples. 

Se for pra colocar Deus nisto, digo que ele trabalha de forma misteriosa, pois descobri a honra de ser homem, vagabundo ou “certinho”, dedicado ou “jogado”, gentil ou louco, temente a Deus, pelas palavras tortas daquelas músicas. Se não fosse tal coisa, não seria o que sou hoje. Não acreditaria no que acredito hoje. Eu não teria o que tenho hoje. Talvez eu não tivesse essa paixão pela arte ou o respeito pelos mais experientes que eu. Eu não teria fé.

Não sou dessas coisas, mas tenho o prazer de retratar essa admiração. O cara não morreu, só ficará eterno. Grande influência no rock da década de 90. 

Alexandre Magno Abrão, o eterno “Chorão”, grande compositor, cineasta, empresário e cantor, “deixou de ser poeta pra virar lenda”.
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Vermelho


Sedento. Denso. Ofega.
Lumbrido. Move o pensar.
Voz rouca baixa estou.

"Te amo", ela disse.
Leve. Curto. Forte.

Impacto. Surpresa.
Pego a me olhar.
Observar-me, analizar-me.
Estuda-me?

O foco, eu mudo.
Má ideia.
Então, à luz da janela,
Pernas lisas. Vermelho.
Desejo.

Assim tentas.
Continuarás a tentar.
Sou prendado, fiel.
Sou menino cruel.
És rosa supérfula na luxúria do meu querer.

Dignidade perdeu.
Procure no chão, talvez ache.

Seu dono? Não.
Talvez um vício seu.

Ofereço a mão.
Tiro quando tentas pega-la.

Não, não me terás.
Porém, o gosto tens,
a água na boca,
o quente,
o linear caminho traçado em tua pele.

Só. Vermelho só.

Só estás.
Quieta.
Frustrada estás.
Usada. Enganada.

Raiva, amor, desejo, vingança.
Que doce...

Suicídio pensas.
Pensas, pensas, pensas.

"Não, mereces coisa melhor, homem."
"Terás."
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À Prosa em Morte


Há de vir o som de tua voz a pedir tal abraço.
Serei vago e direto em meu dizer,
Que não serei mais um monte de "papos".
Que não serei mortos beijos falsos.
Que não serei dizeres supérfulos.

Me guio, sem importar-me com o devaneio, até Morte.
Até um dia, quem sabe, em busca de vida. 
De minha vida.
De nossa vida.
Da vida deles.

Mudo. Só. Triste. Inutilizável. Morto.

Represento, agora, dias sem a companhia que acalma feras,
Onde olhos vivos são necessários,
Curtas palavras são bem aceitas,
e o bem feitor será atendido com dignidade.

Frágil.

Paro. olho ao fundo de uma parede.
Imagens passam. Lágrima corrida à boca. Dor.

Aos caos de minh'alma,
vibro em desapego aos comuns.
Que da morte,
A mais atraente,
Poemas saem em fileiras mudas.
Em vidas chatas.

Posso perguntar?
Posso destilar o aroma de tua mão?
Posso compor algo?
Posso, de vez, à prosa em morte?

Que seja.





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Textura


Foi assim que aconteceu. Lógico, não se pode deixar de lado aquela sensação de câmera lenta.

Bem ao toque leve e em segundos dos dedos de pele macia daquela menina, pensamentos que rondavam meu raciocínio sumiam de um jeito frustrante, pois de modo tão simples, tiraste minha atenção a coisas sérias e chatas. Veio dúvida, ansiedade, adrenalina e, junto a tudo isso, meios e soluções de me tirar desta enrascada. Porém, sem sucesso. 

A luz do sol refletia nas cores das paredes do lado de fora daquela sala onde tudo ocorria. Refletia a  iluminação de uma cena entre dois desconhecidos afundados em dúvidas e sentidos, modos e reações.

Ao paralisar, reagi olhando os olhos dela. Grandes, vivos, felizes. Era um mistério, surpresa, coragem. Recuei.

Apertou meus dedos e depois soltou de um jeito linear. Bobo fiquei.

Olho novamente ao olhos. Bela fotografia. Belo papel de parede. Bela textura em minha mente. Bela.
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É Relevante


Velho fardo este que carrego.
Dou voltas perante o acaso,
Que brinca com meu emocional.

Relevante tristeza. Acaso que dói,
que arde, que feri.
Que vive. Que morre.

Procura-se um destino menos masoquista.
Procura-se amores não frios.
Procura-se rosas roxas baratas.
Procura-se a gratuidade de um colo eterno.
Procura-se, sem remediar,
Gritos de "eu te amo" aos ventos.

Daqui distribuo abraços,
Em busca de um olhar sincero,
Aos que, a mim, querem bem.

Porém, da vaga desesperança,
produzo desistência em minha jornada.
Caminho este que percorro inseguro,
Imaturo e relevante.

É, relevante.


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Telespectador


E se foi o modo que te ensinaram
Jogue fora o que lhe oferecem
Mostre-se o bastante pra tudo
Ninguém é melhor que você

Tens medo de ser a si próprio
Então pra que lutar com o real?
Sabes das conquistas com essas atitudes
Trabalhe essa personalidade

Ignore as possíveis solidões
A vida é pra se atuar
Já és hipócrita, conseguiste a metade
Seja um ator 24h
Torne-se mal, ajude o bem a existir
Caso contrário, apenas se falsifique

Mostre sua perfeita amizade
Diga o que pretendes, não o que sentes
Aperto de mão, mas prepare a faca nas costas

Seja o que agrada os iludidos
Serás glorificada em suas façanhas
E esqueça quem lhe observa

Mas se esqueça mesmo
Não estou aqui, tá?
Viva sua vida falsa
Viva sua vida hipócrita
Viva sua moda

Eu só estou no meu lugar.
Saiba que meu pensamento supera a grandeza de sua pessoa
Supera a sua existência não existente

Sou seu público
Sou seu telespectador.
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Utopia


Lembro-me daquele tempo
Tempos que o colorir ainda me era necessário
Posso chamar de "infância"


Uma Utopia que só gerava mais utopia
Não influenciou contra um sentimento


Sentimento esse com uma caneta
Que assinalava coisas
Coisas que não entenderia com 8 anos
Mas que ficaria marcado por toda vida


Cada ato
Cada fato
Cada pensamento
Cada argumento
Você foi uma origem.
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O Disfarce

Em uma passarela qualquer, pessoas caminham, correm, pulam e dinamizam com o objetivo de uma boa saúde, boa forma. E embora todas tenham objetivos em comum naquele momento, suas mentes não são nem um pouco parecidas.

Sabe, nesta ocasião em que eu percebia esses detalhes, vi o quanto nós humanos somos descuidados, inocentes e despercebidos. Ali havia vidas das mais variadas situações. Dos mais variados sentimentos. Dos mais variados sofrimentos. Todas com suas trajetórias e ideias diferentes.


Pensando assim, é um tanto empolgante, pois, pense, não fazem ideia da vida, das sombras, erros e acertos que se esconde por trás dos rostos de cada um. Basta ter dois olhos, duas orelhas, uma boca, um nariz, pernas e braços, que ninguém saberá o que você esconde.

Ser um ser humano é ter um disfarce perfeito em mãos. Feliz aquele que conhece os segredos do teatro, pois sua máscara será impenetrável.

Encontro-me em uma situação de puro descontrole. Meus pensamentos vivem em um constante embaralhamento de sentidos, totalmente sem saber o que sentir, e os demais, esses que ao meu lado passam, não imaginam o grau desse descontrole. É como seu eu fosse um pedaço de madeira, corroída por cupim, jogada no meio da rua, algo banal.

Pode-se ter um psicopata entre nós e nunca saberemos.

A moral de toda essa análise é um tanto óbvia e clichê:

Nossa vida é uma constante busca de facilidades, porém, não se deve viver dessa forma. Se você se priva a estes meios, nuca sairá do lugar sem estes meios.

A solução dos problemas mais complicados poderia estar atrás de um daqueles rostos, da sabedoria de uma daquelas pessoas, do bom conselho de um indivíduo entre aqueles que ali caminhavam. Mas nunca saberia quem seria essa pessoa, pois é exatamente assim que a vida quer que você caminhe. Sem ajuda, sem conselho, sem direcionamento, apenas indo por você mesmo. Sem facilidade.

Não busque o que é fácil. Procure dominar o mais difícil, pois o que já era fácil ficará banal em suas mãos, e assim, não deixarás nas mãos de quem não conhece por achar que fará melhor (um meio de facilidade), não sabes o que se esconde por trás daquele rosto desconhecido.
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